Fluke Networks: renováveis e data centers no centro da estratégia regional

Fluke Networks: renováveis e data centers no centro da estratégia regional

Criada em 1992, a Fluke Networks, sediada nos EUA, desenvolve ferramentas para instalação, certificação e solução de problemas em redes e equipamentos, ajudando profissionais a garantir que data centers, LANs corporativas e sistemas de telecomunicações funcionem sem interrupções via cobre, fibra e wireless.

A empresa fornece testadores, analisadores e software que vão desde verificações básicas de cabos até diagnósticos complexos e verificação de desempenho. A Fluke Corporation (que inclui a Fluke Networks) é uma subsidiária integral da Fortive Corporation.

A empresa informa ter mais de 700 funcionários em todo o mundo, com clientes em mais de 120 países. Cerca de 45% de sua receita vem de fora dos EUA.

Embora mantenha uma forte presença em setores como óleo e gás, mineração, utilities e alimentos e bebidas, os mercados de alto crescimento para 2026 incluem data centers, energia renovável e varejo no Brasil. 

A BNamericas conversou com Steven Moore, VP e gerente geral para as Américas, e com Adriana Catelli, diretora de produto para a América Latina na Fluke Networks.

BNamericas: Como você vê a demanda e os negócios neste final de 2025 e já olhando para 2026, especialmente na América Latina?

Moore: A América Latina está crescendo a cerca de duas a três vezes a taxa que vemos nos EUA e no Canadá, o que a torna uma região de alto crescimento para nós.

México e Brasil estão liderando esse crescimento. Nosso negócio abrange diversos segmentos – de mineração a automotivo, semicondutores e alimentos e bebidas – mas estamos observando um crescimento excepcional em áreas como data centers, especialmente com a ascensão da IA.

Esses data centers consomem muita eletricidade, e isso está alinhado com nosso principal negócio de medição e teste de eletricidade, temperatura, pressão e fluxo.

BNamericas: Então, data centers e IA são hoje os principais motores de negócios da Fluke na América Latina?

Moore: Eles não são os principais motores, mas estão contribuindo para o nosso crescimento acelerado.

Por exemplo, o processo de certificação de data centers é importante, e estamos lançando uma nova inovação – CertiFiber Max – para testes de feixes de fibra. Isso vai harmonizar e agilizar os fluxos de trabalho dos clientes e simplificar a solução de problemas em data centers de grande escala com milhares de conexões. Esse é apenas um exemplo de como estamos inovando para esses setores.

BNamericas: Na América Latina, estamos vendo avanços em fibra oca e soluções de conectividade potentes em data centers. Vocês estão envolvidos na certificação e nos testes desse tipo de solução?

Moore: Não estou familiarizado com essa solução técnica específica, mas posso verificar isso com nossa equipe de engenharia.

De modo geral, na América Latina, há uma dependência maior de energia renovável – hidrelétrica e solar – para alimentar data centers, já que a rede sozinha não é suficiente.

Oferecemos soluções para aplicações solares e hidrelétricas, apoiando essas instalações com tecnologia que desenvolvemos ao longo de 80 anos, bem como com novos produtos. Por exemplo, lançamos recentemente um detector de falha à terra para campos de painéis solares, que identifica e resolve de forma rápida e segura falhas elétricas em instalações solares.

BNamericas: Adriana, você poderia oferecer sua perspectiva sobre o mercado regional, especialmente o Brasil?

Catelli: Data centers e energias renováveis são verticais extremamente importantes e em crescimento para nós em toda a região. Também temos um desempenho sólido em óleo e gás, mineração e alimentos e bebidas, mas utilities e data centers estão apresentando um crescimento significativo.

Estamos investindo fortemente no desenvolvimento de novas tecnologias para esses mercados e, às vezes, nossas soluções estão à frente da conscientização do mercado.

Também nos dedicamos a educar o mercado sobre a importância desses produtos, assim como fizemos com a certificação de data centers no Brasil há décadas.

Moore: Em áreas inovadoras como o carregamento de veículos elétricos (EV), os padrões ainda estão surgindo. Estamos ajudando a estabelecer esses padrões com novas tecnologias para garantir, por exemplo, que as estações de carregamento de EV forneçam eletricidade consistente e precisa – assim como o combustível em um posto de gasolina.

Nossa longa experiência nos ajuda a trazer a padronização necessária para mercados em rápido crescimento.

BNamericas: Vocês dois enfatizaram mais de uma vez energia e data centers em seus comentários. Eles são pontos-chave para a Fluke?

Moore: Eles são definitivamente motores-chave para novos negócios, embora atendamos a uma ampla gama de segmentos – energia, utilities, varejo e outros.

Os data centers criam tanto desafios quanto oportunidades para a rede elétrica, e nossa tecnologia oferece suporte tanto a soluções de energia tradicionais quanto distribuídas, como a solar.

A ênfase em energias renováveis, particularmente na América Latina, torna este um ambiente ideal para os produtos da Fluke.

BNamericas: Como vocês impulsionam as vendas de inovação do ponto de vista comercial? É algo mais proativo ou reativo?

Moore: Usamos um estilo ágil de gerenciamento de projetos que começa com um entendimento profundo das necessidades do cliente – quais problemas eles enfrentam, custos e integração ao fluxo de trabalho.

Às vezes, os clientes não têm consciência de um problema ou oportunidade até que o exploremos juntos. Desenvolvemos conceitos com base nesses insights e iteramos rapidamente, revisando os requisitos dos clientes ao longo de todo o desenvolvimento para garantir que atendamos às suas necessidades.

Catelli: Vale mencionar que a Fluke faz parte da Fortive, que realiza investimentos significativos em P&D, e a inovação é um pilar fundamental para ambas as empresas.

BNamericas: Como é a sua base de clientes na América Latina?

Catelli: Nosso foco principal é B2B, mas também temos alguma atividade B2C por meio do varejo e de marketplaces como Amazon e MercadoLivre.

Trabalhamos com cerca de duzentos distribuidores na América Latina e também focamos em tornar nossos produtos acessíveis e relevantes por meio de parceiros de varejo, incluindo uma nova parceria com o OVD Group, que possui uma rede de 65.000 clientes e mais de novecentos revendedores.

Moore: O boom de data centers está aumentando a demanda por técnicos e pessoal qualificado. Temos duas estratégias de go-to-market: canais industriais para contas maiores e uma abordagem de varejo/digital emergente para compradores mais jovens que preferem experiências práticas e opções de compra flexíveis.

BNamericas: Como essa base de clientes latino-americana se compara globalmente?

Moore: Alguns números de clientes são privados, e a forma como acompanhamos os clientes varia por canal e por acordos contratuais.

Em alguns países, vendemos por meio de distribuidores master, e a estrutura varia de acordo com a região. Nossa estratégia de entrada no mercado é adaptada a cada país com base nas preferências locais de compra, aprendizado, suporte e confiança.

Catelli: Fora do Brasil, utilizamos distribuidores master que gerenciam suas próprias redes de revendedores, de modo que a estrutura de relacionamento é diferente dependendo do país.

BNamericas: Além do Brasil e do México, há outros mercados ou verticais na América Latina que você vê como destaques?

Moore: Sim, Chile, Colômbia e Argentina também são importantes – as renováveis e os data centers estão crescendo nesses lugares, e nosso negócio principal continua forte em eletricidade e conexões de rede.

Às vezes, outros setores como o automotivo ou o de consumo passam a ser os motores, mas, atualmente, os data centers se destacam.

Catelli: Eu destacaria o Chile e a Colômbia, especialmente com os investimentos em renováveis e hidrogênio no Chile. A mineração também continua sendo um negócio forte nessas regiões, assim como no Brasil.

BNamericas: A Argentina é um foco para a Fluke, e qual é a sua presença lá?

Moore: A Argentina é muito interessante para nós. Temos uma longa história lá, com um distribuidor que trabalha conosco há mais de trinta anos.

Os últimos dois anos foram desafiadores devido a controles financeiros e questões cambiais, mas o mercado está se reabrindo e estamos eliminando pendências e atendendo à demanda dos clientes, especialmente à medida que o setor de energia e os data centers ganham impulso.

Catelli: O mercado na Argentina está se recuperando, e estamos vendo uma retomada da atividade e novas oportunidades. Após um período desafiador em 2022 e no início de 2023 devido à instabilidade política e econômica, a Fluke solucionou seu backlog, restabeleceu o fluxo operacional e alcançou um crescimento sustentável.

No ano passado, vimos fortes resultados de POS, pois conseguimos faturar os pedidos acumulados de 2023. Em 2025, mantivemos o mesmo desempenho de POS do ano anterior e sustentamos esse crescimento, mesmo com a demanda reprimida de 2024.

(A versão original deste conteúdo foi escrita em inglês)

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